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Sitio do Sonho: Discurso do Amor

Sonhos acabadinhos de sonhar....

Sitio do Sonho

Aqui me tendes agora. Aproveitai enquanto assim me apraz, a mim – que já tive muitos nomes e por quem milhares de luas já passaram! A mim, a quem chamaram Filha, Irmã, Mãe, Rainha, Fada e Gran-Sacerdotiza... A mim, mulher jovem de tão idosa que sei ser!, mulher bela de tanta fealdade já ter dominado. Aqui estou eu, a Fada Morgaine!

sábado, junho 18, 2005

Discurso do Amor

Embora o discurso de amor não seja senão uma poeira de figuras que se agitam segundo uma ordem imprevisível à maneira do voltear de uma mosca num quarto, posso atribuir ao amor, pelo menos retrospectivamente, imaginariamente, uma transformação organizada: é por este fantasma histórico que por vezes me preocupo: uma aventura. A evolução de amor parece então seguir três etapas (ou três actos): é, inicialmente, instantaneamente, a captura (sou seduzido por uma imagem); sucedem-se então vários encontros (combinações, telefonemas, cartas, pequenos passeios) durante os quais «exploro» com embriaguez a perfeição do ser amado, isto é, a inesperada adequação de um objecto ao meu desejo: é a doçura do princípio, o característico período do idílio. Este tempo feliz adquire a sua identidade (a sua clausura) por oposição (pelo menos na recordação) à «continuação»: a «continuação» é a longa cadeia de sofrimentos, dores, angústias, depressões, ressentimentos, desesperos, embaraços e armadilhas de que sou vítima, vivendo então permanentemente sob a ameaça de uma decadência que atingiria ao mesmo tempo o outro, eu próprio e o prestigioso encontro que nos fez descobrir um ao outro.

Roland Barthes, Fragmentos de um discurso amoroso


"As palavras que nunca te direi..."

Não sei, caminho no escuro e não sei que fazer. Não sei como será olhar-te amanhã. Não sei se o conseguirei fazer. Não sei. Confesso, não sei. Preferia pensar que não disse nada. Preferia pensar que não me despi e deixei que o vento me roubasse da minha própria pele. Foi assim que aconteceu. Foi assim que me dei. Foi assim que me perdi no caminho de regresso a casa. Foi assim que deixei de ter força para segurar uma lágrima que há muito insistia em ser derramada.
Foi assim que, de coração aberto, me deixei atravessar por uma espada. No sangue que da alma derramo sinto que vai um pouco de mim. Nas palavras que te disse vai a certeza que chegou o momento de reconstruir o mundo com um novo olhar. De repensar a vida.

Penso demasiado... eu sei, não consigo evitar. Mas pior que isso é sentir demasiado, é sentir na alma qualquer paixão como uma dor pungente. Fumo um cigarro na esperança que o fumo leve as mágoas, bebo um copo esperando encontrar conforto no fundo do copo. O que eu não dava agora por um longo e profundo estado de coma...

"visão de um mundo que passa"by lady_morgana