“Meu desejo é Morrer na paz do teu Beijo”

O cheiro da casa quando o teu perfume a invadia. Antes, apenas a lágrimas entravam e saíam, livres, donas e senhoras do meu mundo. Até que entravas tu e trazias contigo toda a magia, enchias a casa de sol, de lua, de ti. Não eram precisos beijos, nem carinhos, apenas a tua luz, a tua presença, o teu corpo deitado na minha cama. A música alta a tocar a banda sonora do momento. O relógio que insiste em não parar. Os momentos que se sucedem abruptamente. A luz que se acende. As mãos que não precisam de tocar. Vivo para ti até o nosso amor morrer. O nosso amor não vai morrer, e esta, esta vai ser um dia a nossa casa. E tu vais ficar eternamente deitado na minha cama. E eu, eu vou ficar eternamente à espera que venhas, à espera que chegues, à espera que tenhas tempo para a casa, para mim. E eu vou ficar eternamente sentada no sofá a rezar para que venhas, para que voltes e me mates de uma vez, que me mates mais uma vez… Eu vou estar sempre aqui, sempre, sempre que queiras entrar na tua casa, sempre que queiras entrar em mim, sempre que queiras tocar no nosso amor, nesse tal que morreu para ti e que eu continuo a sonhar. Eternamente agarrada ao amor imortal que depositas-te em mim. Eternamente a esperar por ti. Eternamente a chorar por ti. Eternamente a sonhar contigo. Eternamente os teus passos no meu chão. Eternamente o teu corpo nos meus lençóis. Eternamente o teu cheiro no meu ar. Eternamente o teu riso nas paredes. E eu a eternamente esperar quem nunca mais vai querer voltar…
“A casa, como todo o bordel ao amanhecer, era o que havia de mais próximo do paraíso. Saí pelo portão do quintal. Saí pelo portão do quintal para não me encontrar com ninguém. Sob o sol abrasador da rua comecei a sentir o peso dos meus noventa anos e a contar minuto a minuto os minutos das noites que me faltavam para morrer!”