Um dia na Minha Vida. Será que querem experimentar?

Pago o preço de viver com a sentença de amar. Vendia já a alma ao diabo se pudesse viver o resto da vida em paz, se pudesse sair por momentos deste inferno. Será que sabem o que é acordar de manhã e desejar não ter acordado? Será que sabem o que é morrer a cada passo? Será que sabem o que é lutar contra uma vontade imperativa de morrer? Será que sabem o que é passar o dia inteiro a tentar não rebentar, o que é fingir que está tudo bem, sorrir, dizer "sim, está tudo bem!"? Será que sabem o que é ficar horas sentada numa escada a ouvir a minha vida acontecer? Será que sabem o que é não valer nada, o que é ser carne para canhão, o que é já não ter medo de nada, o que ver que nada vale a pena? Sabem o que é ter que tomar comprimidos e ampolas para evitar cortar os pulsos e dar um tiro na cabeça? Será que sabem o que é querer ter alguém, alguém, um amigo, alguém que tenha tempo e vontade de fingir comigo? Será que sabem o que é saber que ninguém me conhece, que todos me julgam snob, menina da mãmã, marrona, cinzenta e tonta? Será que sabem o que é lutar sem armas nenhumas, nem sequer com a força? Será que sabem o que é já não ter mais lágrimas para chorar? Ou será que estão todos tão preocupados com as vossas vidinhas, com os vossos umbigos, com as vossas felicidades que nem olham para o lado? Ou será que me acham maluca por achar que já não vale a pena, que preferem virar a cara? Têm razão. É bem mais fácil enterrar a cabeça na areia, virar as costas, fingir preocupação, penasr "ah, eu tentei ajudar". Mas reflitam um pouco... será que tentaram mesmo? Será que me amaram mesmo? Será que estiveram lá quando sucumbi? Será que não empunharam também o derradeiro punhal? Têm razão. Não vale a pena pensar nisso. A consciência deverá ser sempre o vosso ópio, enquanto ela vos lavar as mãos do sangue inocente que ajudam a derramar, enquanto ela vos ilibar dos crimes que levianamente cometem. Não vos culpo. Não me conhecem, logo, não me podem amar. Só não sei porque é que me odeiam e me desejam mal. Eu sou todo o meu mal, não preciso do vosso. Por muitos de vós morreria, por outros mataria. Mas quando me apunhalaram vocês nem repararam...
Vivo na verdade, perpetuo o meu próprio destino na verdade. Desafio a vida todos os dias. A minha vida é assim, assim é a merda da minha vida. Será que ainda a invejam? Será que querem a minha verdade ou preferem continuar a viver a vossa mentira?