Génesis do Sonho

- Olha para aquela estrela pequenina. Aquela ali, essa mesmo. Não vês nela condensada toda a beleza do universo? Será que consegues ver que aquela estrela colige em si mesma todos os sonhos alguma vez sonhados e todos aqueles que um dia germinarão da querença de um qualquer sonhador?
Sim, vejo aquela estrela ali no céu, detentora de uma impar beleza, talvez a perfeição dos sonhos que por ela passam. Sim, vejo nela concentrada a magia proveniente do alvorecer onírico e desejo ser tocada por essa feitiçaria das almas que dá alento a quem já não tem esperança. “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”, sim, são os sonhos que dão sentido ao mundo, são eles que nos fazem correr o sangue nas veias e são, em última análise, a razão da existência.
Como são privilegiados os que sonham! São-no sem saberem, pois envolvem a sua existência num manto esfíngico de sapiência e expressividade. Felizes os que sonham pois têm a faculdade de pintar a tela das suas vidas com cores intangíveis para o comum dos mortais. Como é bom ter duas vidas, a que se vive e a que se sonha, pois na segunda podemos ser deuses supremos da nossa existência, podemos obstar a sociedade em que vivemos, os valores morais que nos foram insuflados e que nos tornam prisioneiros de nós mesmos. Apenas sonhando somos verdadeiramente livres e apenas sendo verdadeiramente livres podemos almejar a derradeira felicidade.
“De sonhar ninguém se cansa, porque sonhar é esquecer, e esquecer não pesa e é um sono sem sonhos em que estamos despertos”