Palavras escritas a sangue nas paredes do meu jardim...

Eu sou a noite. A noite negra e laranja de um telefone com o teu número no coração. A noite do sangue, do suor, das lágrimas, dos desejos nos lábios e no sangue que eles sorvem... E lá está ele, o telefone, iluminado de ti... Apetece-me falar contigo, apetece-me acabar esta história sem fim... Ou será que quero apenas começá-la?
Desejo as lágrimas de novo, desejo sentir o teu corpo de novo... Mas isso acabou, e eu não percebi porquê... Sou apenas uma sombra de mim... Homicida de mim mesma a cada número que marco... Homicida de mim mesma a cada passo, a cada zona, a cada caminho em que as sombras me ferem, numa cidade gélida e apagada só porque falta a tua luz... Todas as palavras me fogem e te pedem para não me abandonares a mim própria porque sou homicida de mim mesma e dos mundos que trago em mim... No peito ecoam os teus passos e as minhas lágrimas, as sombras que lá moram mostram-me homicida de mim própria. Ninguém me vê no sepulcro onde vivo. Então sinto-te o frio, sinto-te os beijos gritados ao vento, que passam por mim sem serem para mim... "desenho desejos nos lábios, no sangue de uma parede qualquer"...
Já não há tempo... Já não há razão para me salvar de mim. Sou homicida de mim própria, homicida da esperança que vive em mim, homicida do amor que não morre, do amor que se entranhou em mim, que tomou conta do meu jardim...
P.S:Estavas desligado....